quinta-feira, 31 de maio de 2012

Tudo sobre carris?!

Portugal possui uma posição estratégica ao nível Europeu e mundial, é o primeiro país europeu para quem chega por mar. Então porque é que os maiores portos europeus são na Holanda e na Alemanha?!
È essencial fazer concorrências aos grandes portos já existentes fazendo de Sines o 1º porto de águas profundas da Europa.
Numa época em que o preço dos combustíveis não pára de aumentar, encurtar uma viagem de um barco fazendo com que seja possível descarregar e carregar mais cedo, aumentado os lucros, torna-se critico para as companhias de navegação.
Aqui, num contexto de uma política integrada de transportes e de logística para a Europa faria sentido possuir uma ligação ferroviária de alta-velocidade / velocidade-alta (de mercadorias) entre Portugal e o resto da Europa. Assim, os produtos seriam descarregados em Portugal e no dia seguinte estariam nos seus destinos.
Seria um ganho económico directo, e indirecto pelos possíveis negócios conseguidos pela aquisição de um novo estatuto de Portugal como parceiro comercial e económico. 
Será que também num porto vamos “meter água” ou será que finalmente começaremos a por tudo “sobre carris”?
O que vai VOCÊ FAZER sobre isso?

terça-feira, 29 de maio de 2012

O nosso mundo canibal

 Vivemos num mundo (desde sempre) em que aquilo que é moral para uns não pode ser para outros.  Nas últimas semanas três acontecimentos chamaram à minha atenção. O primeiro é o caso com o ministro dos assuntos parlamentares Miguel Relvas que queria a "execução" na praça pública de uma jornalista (mas parecia mal), segundo consta, Relvas resolveu usar do seu poder para criar pressão junto da direcção do jornal Público para evitar esse último recurso. A causa estava num conjunto de perguntas a ele enviadas pêla dita jornalista que se calhar lhe causaram indisposição ou então obrigaram-no a colocar algum tipo de carapuça, não sei, a verdade é que com factos comprovados este senhor não teve vergonha suficiente para se demitir.
 Outro caso interessantíssimo  é o destaque que a corrupção no Vaticano tem tido. Sobre isto eu tenho apenas uma coisa a dizer, não existem homens de Deus nem homens comuns, existem homens com poder (não falo em poder divino) e os homens sem poder e os primeiros na sua maioria só estão bem a fazer o mal, seja no Vaticano seja em qualquer parte do mundo.
 O último caso vem da ilustríssima Alemanha. A história é sobre um soldado holandês que faleceu esta semana aos 90 anos como o segundo nazi mais procurado do mundo. Este senhor obteve a nacionalidade alemã por pertencer às SS, a Holanda condenou-o inicialmente à pena de morte e mais tarde a prisão perpétua. O problema é que este nazi estava na Alemanha e o "seu" país não extradita cidadãos e pelos vistos também não condena os que participaram num dos capítulos mais negros da história da humanidade. Condenam (e nada mais fazem) sim os massacres sírios porque é correcto da sua parte. Digam-me, é este o país que queremos a representar os "nossos" interesses europeus?

domingo, 27 de maio de 2012

Mais cortes fáceis de fazer

Numa nova onda de imprevisibilidade, o desemprego aumenta, os impostos diminuem e o orçamento derrapa e mesmo assim o governo continua a bater na mesma tecla da austeridade sem fazê-la acompanhar junto dos parceiros europeus e instituições internacionais de um mensagem firme de que é necessário uma política de crescimento. Para que haja crescimento e não uma miragem ou a esperança de um milagre ecónomico. Perante esta onda a receita para cumprir o défice estabelecido é a mesma: cortes.
Os cortes são necessários para cumprir as metas, mas mesmo assim existem pontos em que independentemente das nossas ideologias podemos concordar: a saúde e a educação são fundamentais à sociedade tanto na coesão como á sua capacitação funcional. Ou seja o dinheiro aqui investido não é deitado á rua como muitos poderão argumentar, investir na sáude permite ter um sistema de saúde universal que sai muito mais barato que cada um ter um seguro de sáude, e isto é um facto, o SNS poupa dinheiro ao país. Mais um facto é que isto é um investimento num capital humano precioso, e não podemos dar como garantida a saúde da população; que é em si um objectivo mas também ser para manter algo fundamental, a segurança social, a produtividade e actividade económica e para isso basta pensar no fardo que a doença representa em tanto países com níveis de desenvolvimento semelhantes aos nossos e que com uma situação demográfica semelhante à nossa e ver que a doença e falta de cuidadados médicos preventivos engrossa a factura a jusante e diminui a produtividade dos assalariados.


Uma das provas que as politicas de cortes não estão a ser tão criteriosas como deveriam está na notícia de que uma mulher, tal como muitos outros pacientes, vêem-se privados de assistência pela deslocalização de serviços de saúde para cidades maiores e depois ficam sem transporte por dificuldades financeiras.


A notícia está em:  http://expresso.sapo.pt/-so-me-apetece-meter-uma-corda-ao-pescoco=f725883


Outra notícia que dá conta de uma situação semelhante:  http://expresso.sapo.pt/remedios-ficam-por-aviar=f725884


Uma coisa estou certo isto não chega e é preciso mais, é preciso mobilizar a opinião pública, para a perspectiva, de que independentemente da situação financeira do país, ainda existem prioridades e que os políticos tendo latitude e legitimidade para governar tem que ser mais ponderados e respeitar na prática direitos essenciais e constitucionais dos portugueses como o direito á saúde.


Isto não chega, mentalizem-se que a resignação não é opção.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Já que tens a fama…!

As políticas económicas, ou falta delas, das últimas três décadas levaram a que Portugal não só não desenvolvesse os seus sectores primário e secundário como fizesse um desinvestimento, levando i) ao abandono da agricultura, ii) fecho de indústrias; iii) abate de frota de pesca; iv) abandono das florestas. Em paralelo, o país teve que aumentar a importação de bens para suprir as suas necessidades.
Adicionalmente, o aparecimento das grandes empresas de distribuição levou a que os poucos, e pequenos, produtores nacionais que restaram tivessem que suportar as suas margens de lucro e os longos prazos de pagamento.
Como já vimos é necessário aumentar a produção destes sectores. Um dos factores necessários para isso é que haja uma preferência de consumos por produtos nacionais.
Pelas regras da UE não é possível fazer proteccionismo á produção nacional, no entanto, é possível e desejável que se incentivem, acções mais ecológicas. Assim, seria possível instituir uma “taxa ecológica” sobre os produtos por distância percorrida desde o produtor. Deste modo, os produtos nacionais seriam uma vantagem competitiva em relação aos importados, pois seriam mais baratos!
Já que temos a fama de sermos desenrascados e estarmos sempre a arranjar maneira de contornar as regras, ao menos que o façamos por uma boa causa e tenhamos o proveito!
O vai VOCÊ FAZER em relação a isso?

terça-feira, 22 de maio de 2012

Células estaminais: a salvação ou o Apocalipse?

 Esta semana muito se tem falado de um spot publicitário sobre os benefícios das células estaminais. Após muita contestação o mesmo foi retirado do ar. A empresa Crioestaminal apela aos pais que guardem as células dos seus filhos para que mais tarde (no caso de se desenvolverem) possam ser tratadas doenças como a leucemia.
 Tudo isto gerou uma onda de contestação, houve quem acusasse a empresa de fornecer dados infundados, chantagem emocional para com os pais, e até quem sugira que é um golpe para os pais que estão no IPO com os seus filhos doentes.
 Há vários estudos divulgados sobre o assunto e acredito que quanto mais investigação existir na área mais rapidamente a humanidade chega a uma conclusão sobre a utilização destas células e neste preciso momento são precisas soluções em muitas áreas da medicina. Eu não sou médico nem estudo para tal mas apoio a procura de soluções e dado que um cordão umbilical acaba por ser descartado, qual é o mal de fornecer o mesmo para investigação?
 Em Portugal parece também que tudo o que a ordem dos médicos não faz, deve ser proibido. Não percebo como é que um país que descobriu um mundo inteiro, tem uma sociedade com uma mente tão fechada.  
 Se as afirmações da Crioestaminal são verdadeiras ou não, não sei, mas também ninguém se acredita no que os políticos prometem e eles continuam a ir parar ao poleiro. 
 E se me permitem vou mais longe dizendo: dava mais depressa o meu cordão umbilical à Crioestaminal que um voto a um politico. 


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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Praxe & Pancadaria


Não foi na semana anterior, como prometido, mas mais vale tarde que nunca. Assim, o tema está mais a frio o que permite uma crítica mais imparcial dos nossos caríssimos leitores.
O tema a que me refiro é o da confusão monumental (mais monumental que a própria da Serenata) entre o Orfeão e os velhotes que mandam na praxe, Magnum Consilium Veteranorum (MCV).
Estes senhores, ao que parece, e o vídeo no Youtube não deixa muitas dúvidas acerca da veracidade dos factos, agrediram o grupo de fados do Orfeão que ia abrir a Serenata. Isto tudo por causa de uma guerra já antiga e na qual os velhotes do MCV tentam constantemente demonstrar que o seu falo é maior que dos outros e que quem manda na praxe são eles.
Ora, a minha opinião sobre estes senhores resume-se numa palavra: escumalha. Pessoas mais perto da idade da reforma do que da do fim da licenciatura dos indivíduos normais que vivem da praxe, provavelmente para atenuar a frustração de nunca terem sido ninguém na vidinha deles são lixo académico.
O pior são os alunos que se submetem a este tipo de gente. Uma vez alguém me disse acerca dos ‘doutores’ da praxe: eles têm sobre ti o poder que tu lhes dás, mais nenhum. Porque é que os alunos, os que devem mesmo viver a praxe se sujeitam a isso? Tendo em conta algumas estórias que ouvi, maior parte dos estudantes nestas coisas da praxe são acéfalos e burros com palas. Que fazem o que os mais velhos mandam, muitas vezes sem saber porquê…
Até na praxe, que deveria ser uma forma de integrar os caloiros na academia, há lutas e jogos pelo poder, corrupções e afins. A FAP dá cobertura a estes seres sabe-se lá por que razão, dizendo-se até que partilham alguns dos lucros da queima (alegadamente).
Eu não sou anti-praxe, e acho que algumas pessoas que lá andam, na sua inocência, até a tornam uma actividade razoável e interessante. Mas esta escória deveria ser varrida e deviam devolver a praxe aos estudantes.
Só espero que depois disto não me venham bater, nem me rapem o cabelinho, nem façam um cerco a minha casa como fizeram ao Orfeão! Formas que estes energúmenos têm de tentar persuadir quem não se deixa levar pelas suas cantigas.

Pedro von Hafe Leite

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Ligações perigosas

Ao contrário da maioria dos países europeus que assentam o seu sistema de transporte no transporte público, nomeadamente no ferroviário, Portugal preferiu (por razões históricas, culturais, politicas e perigosas ligações publico-privadas) apostar no transporte privado rodoviário (mais caro economicamente e ecologicamente). Assim, hoje em dia somos o país da UE com mais Kms de auto-estrada/habitante, auto-estradas que não podemos pagar, algumas vezes são redundantes e levam a lugar nenhum pois esses lugares perderam população devido à desertificação. Se adicionarmos a isto a i) migração diária efectuada por milhões entre os centros das cidades (vazios à noite e degradados) e os “dormitórios” na periferia (vazios de dia), ii) a inexistência de alternativas viáveis ás auto-estradas (muitas vezes destruídas para construir a auto-estrada) e iii) o aumento imparável dos combustíveis fosseis (com uma procura mundial crescente e concomitante esgotamento das reservas), veremos que não é, de todo, a melhor aposta para o meio de transporte de base.
Deste modo torna-se imperativo reformular a politica de transportes de modo que esta assente numa eficiente rede de transportes públicos, centrada no transporte ferroviário (comboio, metro, eléctrico). Consequentemente, a prioridade passa por melhorar e ampliar a rede ferroviária (ex: é muito mais importante para o país que as deslocações suburbanas de milhões sejam na maioria efectuadas por comboio do que ter um TGV de passageiros para alguns milhares).
O que vai VOCÊ FAZER em relação a isso?

domingo, 13 de maio de 2012

A subsidiação dos salários


Não querendo embarcar na viagem de falar o quão mal está o país, queria alertar para cenários do nosso futuro próximo.
Ficamos cada vez mais arredados de poder de compra. O português desenrasca-se sempre, dirão muitos, mas mesmo assim em comparação para outros países em resgaste vemos que as nossas condições são más. As nossas condições são objectivamente más, os indicadores de organizações internacionais deixam isso muito claro e como tal devemos reflectir no modelo social a procurar, pois fica claro que fomos deixando valores e capitais sociais sem investimento, valores que podem custar a segurança, a paz social, a sáude e a educação tendencialmente gratituitas.
De uma década de liberalismo camuflado, os nossos direitos e responsabilidade de lutar pelo emprego e salários justos desapareceram. Durante vários governos o pseudo-liberalismo dava regalias sociais que complementavam de um modo um tanto indiscriminado e pouco criterioso o salários dos portugueses de classes média e baixa, ou seja o Estado subsidiava a falta de competitividade das empresas, pois o real poder de compra era amenizado por apoios socias, muitas vezes não merecidos e mal direccionados. Com isto, estes governos foram ficando impunes aos fracíssimos aumentos salariais, em especial em comparação com outros países europeus de desenvolvimento semelhante e á real necessidade de fomentar a competitividade que não fosse via desvalorização salarial.
Os subsidios de salário deram carta branca que os sucessivos governos darem ao patronato o poder em prosseguir o seu desenvolvimento via baixa de salários. Somos usurpados de emprego pelas lógicas de mercado, pelas intransigências sindincais, pelas lógicas de crescimento empresarial via salários baixos e perdas de regalias socias do estado e das empresas bem como politicas fiscais que enforcam o mérito e o trabalho dos assalariados enquanto que o estado se verga em compromisso com PPP e outros negócios ruinosos para o interesse público. Sem regalias socias, com monópolios privados vamos vergando até ficamos sem margem a não ser para quebrar.

Paulo Coelho

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Quem é o ladrão?!

Um dos problemas afectos à sustentabilidade económica das empresas é o longo período para pagamento das facturas, que faz com que as empresas tenham que ter fundos avultados para poder suportar o valor das mercadorias que venderam, mas ainda não receberam por ela. Isso faz com que fiquem
i) numa permanente situação de instabilidade financeira;
ii) mais expostos à necessidade de crédito bancário e, consequentemente, com o agravamento das contas devido os juros cobrados;
iii) demasiado dependentes do “próximo” pagamento por parte dos clientes para a manutenção da estabilidade das contas.
 A nível macroeconómico, este paradigma leva a
i) um maior endividamento das empresas, mas não para investimento e desenvolvimento,
ii) uma maior dificuldade de crescer, pois não têm como investir, porque têm que estar totalmente focadas na sobrevivência a curto prazo,
iii) um maior endividamento externo da banca para poder suportar este ciclo.
A tudo isto acrescido o facto de não receberem mas terem de pagar o IVA referente a essas facturas no próximo mês.
Um dos principais “maus pagadores” é o estado, com dívidas por pagar que superam os 180 dias! Assim, chegamos ao ponto de empresas irem a tribunal, serem condenados e os gerentes presos, porque não pagaram os impostos ao estado. Só que estas não o fazem por não terem verbas porque o estado não lhes paga! Quem é o ladrão, quem é que devia ser condenado?!
Solução de incentivo à circulação de capitais e vitalização da economia: pagamento das facturas num período máximo de 30 dias.
O que vai VOCÊ FAZER em relação a isso?

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Foi uma ideia bem melhor que a minha.

Nas últimas semanas uma notícia chamou-me à atenção. O tribunal de Portalegre decidiu que a entrega de uma casa ao banco saldava toda a divida. Citando o "esquerda.net" que por sua vez se baseia num artigo do "Diário de Noticias" (infelizmente não tenho acesso ao artigo pois a edição online do jornal é paga) passo a apresentar o caso: "Um casal divorciou-se e entrega a casa ao banco, considerando que o empréstimo pedido estaria liquidado. Foi determinada a venda da casa, que foi comprada pelo banco que emprestara o dinheiro. Porém, a dívida do empréstimo era de 129.521 euros, enquanto a venda (ao banco que emprestara) foi por 82.250 euros. O banco exigiu então que, além da devolução da casa, o casal pagasse a diferença entre o dinheiro que emprestara e o valor da venda da casa. Isto é, o casal teria não só de devolver a casa, mas pagar ainda mais de 46.000 euros.
O juiz decidiu em Janeiro passado, que a devolução da casa liquida a totalidade do empréstimo."
 Às vezes tenho pena que estas situações não se saibam mais cedo. Quando num dos meus posts anteriores me referia que tanto os entidades bancárias como os políticos deveriam fazer alguma coisa quanto ao enriquecimento dos bancos face ao empobrecimento das famílias, referia-me a medidas como esta. Gostava de poder pensar que nos próximos tempos mais situações serão resolvidas desta maneira, tirando grandes pesos das carteiras de muitos portugueses, até porque segundo o mesmo artigo "o Bloco de Esquerda desafia o Parlamento a aprovar a proposta que garante que entrega de casa ao banco salda empréstimo.".Resta-nos como sempre, esperar.

domingo, 6 de maio de 2012

Noite do Porto


Na semana mais festiva da vida académica deixo-vos com esta crónica e com esta mensagem: não deixem a noite do Porto morrer, tirem as palas!


'Entre as muitas coisas que a cidade do Porto tem que a diferenciam de todas as outras, parece-me justo dizer que a noite é uma delas. E digo-o porque já saí muitas vezes à noite no Porto em do que me lembro, não tenho a menor dúvida de que não deve existir no mundo uma outra igual. Esperem lá, podem até existir noites de cidades com muito maior projecção, com eventos e festas e pessoas em número muito superior, mas igual à noite do Porto? Não pensem nisso. As pessoas falam no fado, na gastronomia, nas ruínas de Évora, nas pirâmides do Egipto como os melhores exemplos daquilo que deve ser considerado património mundial. Pois bem, eu proponho a noite do Porto. E digo-o porquê: porque nunca como agora esta noite precisa de ser protegida, tal qual o lobo ibérico. E a verdade é que a querem matar e eu não posso estar a assistir a um homicídio sem fazer nada. Por isso, o que estou a fazer é a gritar e pedir socorro como se tivesse sem pé no mar alto. A noite do Porto precisa de ser salva porque é única e autêntica, e só não vê isso quem não sai à noite. Há uma guerra ancestral entre as pessoas que se levantam às 6 da manhã e as pessoas que se deitam a essa hora, e existe uma tendência para subestimar estas últimas. Como se estas pessoas fossem irresponsáveis, como se a noite não fosse absolutamente essencial para vivermos. É mentira, o divertimento muito inerente à noite é essencial para vivermos. E se repararem bem, são sempre os mais velhos que nos dizem para nos divertirmos em qualquer situação. Se dizemos que vamos viajar, lá nos dizem: diverte-te. Se vamos a um casamento: diverte-te. Se vamos a um funeral: diverte-te. E isto, porque eles sabem. Eles perceberam que a vida sem diversão não faz sentido. E uma cidade também não. Uma cidade sem diversão é uma cidade morta e quando surge uma lei – e surgiu – que obriga os bares do Porto a fecharem às 2 da manhã e as discotecas às 4, é isso que querem: matá-la.

Querem esganar a noite do Porto com a força toda, com as duas mãos, até que o pescoço fique roxo e ela se estenda pelo chão aos rebolões. Dizem-me que incomoda alguns moradores? Então que tal colocarem mais segurança nas ruas, mais insonorização nos estabelecimentos, mais medidas que civilizem e harmonizem a zona de que falamos? Dizem que os hábitos têm de mudar, que temos de ser como os ingleses, como os irlandeses, que vão do trabalho para a noite e às 2 da manhã já estão em casa. Com os bonitos resultados que se conhecem, de resto. Mas esperem lá, eu não estou na Irlanda nem em Inglaterra. Se há coisas de que eu me lembro todos os dias é que vivo em Portugal e sou português. E porquê? Porque o país me obriga a isso. E esta coisa de ser português, pode ter – e tem – algumas contrariedades, mas também tem muitas vantagens. E uma delas é justamente sermos como somos, com tudo o que isso possa ter de bom e mau. Mas somos. E há países que não são nada, nem carne nem peixe, nada. E a noite em Portugal é assim: sai-se do trabalho, vai-se a casa mudar de roupa, é o banho, são os dentes, é o perfume, e agora sim, aí vamos nós. E é assim que tem de ser. Ir para a noite directamente do trabalho é como ir para o ginásio correr na passadeira com o fato e a gravata. Isto é, não tem qualquer sentido. E, por isso mesmo, não tem de deixar de ser assim. É assim. E é óptimo. E querem matar a noite do Porto e eu não quero que isso aconteça. Por isto. Porque demorou muito tempo até que o Porto conseguisse ter um pulmão nocturno tão forte quanto é toda a zona das galerias e dos Clérigos. Foram precisos anos, ouçam, anos!, para que vários movimentos absolutamente independentes conseguissem reunir-se numa zona e transformá-la no maior pólo de diversão da cidade. A nova lei não olha a isso, não percebe a importância disso, está-se a marimbar para as pessoas que vivem da noite mas, em muito maior número, aos que se divertem com ela. A nova lei vai destruir todo esse trabalho e vulgarizar de novo a noite. É uma pena, e talvez por isso, em vez da noite, eu declaro morte ao Sol.

Fernando Alvim'



Pedro von Hafe Leite

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Revolução industrial em Portugal?! Finalmente!!

Enquanto o resto dos países do hemisfério norte investiam em desenvolvimento intelectual das suas populações e posteriormente colhiam os frutos ao terem inovação e desenvolvimento de produtos, Portugal não só não o fez, como até consegui a proeza de fechar a maioria das empresas nacionais e ir comprar fora (a crédito!).
Assim, actualmente Portugal enfrenta a tarefa de ter que conseguir fazer em pouco tempo o que não fez durante décadas – produzir mais do que consome.
Para tal tem, pelo menos, dois caminhos: i) baixar custos de produção para poder vender mais e/ou ii) vender produtos de maior valor acrescentado. Como as contas que temos para pagar são agora e não daqui a 20 anos, temos que arranjar medidas rápidas. Como não se pode mexer no preço das matérias-primas (são importadas), dos combustíveis e outros “custos fixos” o que resta são os salários. Isso quer dizer que o futuro de economia nacional passa por uma politica de salários baixos para podermos produzir muito e a baixo preço? Não! Esse é o “território” da China, Índia e outros países emergentes, os quais possuem (entre outros factores) uma massa humana enorme o que, consequentemente, torna impossível qualquer tipo de concorrência.
Assim, penso que o futuro (a médio e longo prazo) passa por economia competitiva baseada na inovação, com a investigação e desenvolvimento de produtos novos. Tendo em consideração o estado actual dos sectores secundário e primário, numa fase inicial, o principal impulso no desenvolvimento deveria vir de uma maior integração entre a investigação que decorre nas Universidades e a indústria. Com a desejável melhoria na capacidade de investimento da indústria, esta passaria a assumir uma boa parte da sua própria investigação e desenvolvimento. Deve ser tido também em consideração que, muitas das vezes, é necessário criar a própria maquinaria necessária para a elaboração dos produtos, o que leva ao desenvolvimento do conhecimento noutras áreas, induzindo a um ciclo positivo de crescimento global da economia. Que é o que bem precisamos!
O que vai VOCÊ FAZER em relação a isso?