sexta-feira, 29 de junho de 2012

Iliteracia contemporânea

Um outro sinal da incompetência e inércia de todo o mundo judicial em Portugal passa pela muralha que quer erguer e manter em torno de si. Esta muralha é um dos maiores obstáculos à justiça em Portugal.


Não falo apenas da intangibilidade da justiça na sua demora e nos seus procedimentos, tais obsoletos face às tradições anglo-saxónicas que são conhecidas como bem mais expeditas do que a tradição latina.


Falo sim por exemplo, da linguagem versada nos documentos legais servidos e para uso dos intervenientes civis dos processos penais ou civis. Existe uma falta de cultura por parte de muitos funcionários administrativos dentro e fora dos tribunais que os impede de recorrer a uma linguagem fluída, simples e compreensiva que não seja a linguagem "direitesca" para explicar ao comuns dos mortais o que lhes é exigido em tribunal num dado documento legal.


Quantos de nós não conheceremos pessoas com menos habilitações, mas até pessoas com cursos superiores que têm grandes dificuldades na compreensão de autos e outros documentos legais que recebem em casa e que supostamente os informam da sua situação legal? Esta linguagem críptica permite que os advogados cobrem simplesmente para "traduzir" uma carta.
Para estes, tamanha situação é claramente benéfica. Mas e para o comum português? Como ler algo escrito por uma pessoa no tribunal que claramente que a própria não percebe os factos que enuncia na carta? O funcionário não compreende muitas vezes aquilo que escreve, faz tamanha tarefa com recurso a uma minuta. A minuta simplifica o trabalho mas impossibilita que o comum português consiga ultrapassar muralha de acesso à justiça.


Sem recursos para advogados, o comum português só se safa se tirar um mini-curso em direito processual.


É com estas muralhas de burocracia, de procedimentos obsoletos, de investimento absurdos para ver justiça que os portugueses se afundam, desacreditam no país e nos seus orgãos soberanos, que ganham vontade em contornar as leis e as regras porque estas tornam tudo impraticável na realidade.
Assim empresas, investidores, trabalhadores e empreendedores, portugueses e estrangeiros se vão afastando de Portugal. Os projectos podem ser interessantes, mas as condições para os concretizar acabam sempre por faltar.

O ódio favorito de todos

No país que habitamos há muitas coisas a louvar: o sol, a hospitalidade, o clima, a comida, a beleza, a história e a atitude em apreciar a vida apesar das diversidades. (Concedo que este último ponto é altamente subjectivo)


No entanto muito mais posso dizer sobre a necessidade deste povo em propalar a mal dissência, o boato, a tacanhez e a mesquinhez. Desde os julgamentos sumários e condenações à revelia, infundadas, imponderadas, categóricas e sensacionalistas do Correio da Manhã e dos restantes tablóides, até às acéfalas reacção dos comuns para este ou aquele crime escabroso sem que sejam capazes de activar os mecanismos de bom senso e racionalidade crítica capazes de ver males além do óbvio crime.


Toda a gente gosta de criticar, dá um sentimento instantâneo de superioridade. É claramente muito sedutor em especial se não tivermos nada de desafiante e edificante a  empreender. Contudo, esta tendência ganha contornos mórbidos quando desemboca nas bufarias, chibices, beatices e outras cretinices tão genuínas como o galo de Barcelos.
Não digo que falar mal dos outros seja algo que não seja feitos pelos povos de outros países com igual gosto, em especial em povos de outros países mediterrâneos, mas dificilmente encontrarão um país no qual este traço ocupa tantos as atitudes ditas normais de um dado povo. Pouco provável será encontrar outro povo no qual tamanho traço importe tanto para a execução de uma função secular como a justiça.


Na justiça em Portugal, tal como em outros países ditos desenvolvidos, o mediatismo de um dado caso é um factor major para a resolução deste. Veja-se o caso Casa Pia, um caso pautado por inúmeras incoerências e incorrecções processuais que foram sendo ultrapassadas de modos poucos claros pelos juízes pura e simplesmente pela urgência de uma declaração definitiva. Não irei debruçar se os arguidos e culpados são efectivamente culpados, não conheço o processo, nem sou juiz, mas parece que houve irregularidades importantes, tal como em outros processos mediáticos, que tiveram como único objectivo acelerar o processo.


Um processo tem que decorrer dentro das regras declaradas em diploma legal. Acelerar processos desta ou  outra natureza requer outras leis e facilitar, num desenrasca, para dobrar as regras de modo a concretizar aquele veredicto que a povo quer.


Assim somos iludidos, a justiça tarda mas não erra, dirão muitos. Esta imagem é aquela que juízes, no seu seio corporativo querem divulgar; querem manter as atenções viradas para outros sectores, querem que quando existam atenções em casos mediáticos a justiça faça demagogia e se iniba de ser criticada. Deste modo distribui veredictos populares e não se esquenta com reformas ou as preocupações reais de demora na vida e na economia dos portugueses, empresas e da nação.


Com estes veredictos, dá-se a ideia de que a demora compensa, porque temos um claro e inequívoco culpado a condenar sem margem de dúvidas, mesmo que o processa ainda que demorado seja influenciado logo à partida. Entre inúmeros recursos possíveis, em certos casos a pressa de culpar leva a que sejam ultrapassadas barreiras processuais necessárias, e que mais tarde a justiça pague a factura com apelas a tribunais de relação que destroem o trabalho de acusação de meses e anos.


Está na hora de exigir ética por parte da imprensa nestes casos, com as quebras anónimas de segredo de Estado e com a exigência aos juízes que demoras e um sistema inerte não são mais tolerados independentemente da popularidade que possam colher face aos sucessivos governos que não hesitam em se abster de mexer nesse ninho de vespas que é a corporação de juízes e o seu couto pessoal que é justiça.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Uma mente vazia é uma mente preparada.

As pessoas não sabem em que pensar, não sabem como devem dar os passos mais correctos... Estamos saturados de tanta informação, toda ela prós e contras, desde opiniões extremamente parvas como também opiniões extremamente lógicas e que até fazem sentido, mas mesmo assim... ninguém tem a certeza, ninguém é dono da razão e da verdade. Muitos dos indivíduos que encontramos à nossa volta, tentam-se amarrar a alguma ideologia, e defendem essa mesma para se sentirem estáveis, confiantes deles próprios em relação aos outros, não lhes interessando o bem comum para toda a gente (Egocentrismo).

A meu ver, esta quantidade de informações, afirmações, e até mesmo todos os tipos de propaganda, servem para confundir aqueles que procuram a verdade neste caos social, ao ponto de nós vivermos a mesma rotina, todos os dias, com os mesmos vícios, com os mesmos pensamentos impostos para agradar a quem está ao nosso o lado, que está tão perdido como nós.

Um povo confuso não consegue pensar devidamente, logo não consegue agir do mesmo modo. É um povo bem manipulável, que não consegue ver (ou não quer ver, tristemente), todas as más situações impostas pelas grandes entidades que nos governam.

Sendo assim, toda a gente deseja sair deste "poço", de como pensar, e como agir, procurando soluções. Mas a verdadeira solução é muito simples: Mudem a vocês próprios, ignorem este teatro e estas dúvidas. Um dia de cada vez, não querendo saber do que os outros pensam, ou o que os outros façam. Não vale a pena bater na mesma tecla todos os dias.

Quando ficarmos cépticos em relação a tudo e a todos, sem certezas nenhumas, aí começamos a ver o mundo de uma forma mais objectiva, mais individual, mais pura e absoluta. E daí, começamos a ser críticos, a ser cada vez mais, pessoas fogosas para deitar a mão a este sistema, e é isso que precisamos: pessoas com uma nova estruturação mental, ou seja, renascidas para atacar quem nos mente diariamente, e apoiando com bastante respeito e pacificidade aqueles que nos rodeiam. Uma mente "limpa" trabalha com paz, e sabe como mover-se (intuitivamente ou não) perante o momento em causa.

Não vale nada a pena ficarmos atentos aos teatro da política, aos falsos números da economia, ás falsas perspectivas de emprego (tanto nacional, como internacional), porque se queremos fazer pressão a quem injustamente nos faz mal, devemos atacar a máfia política, religiosa e Maçónica.

Investiguem e relacionem tudo o que está ao nosso alcance, porque quantas mais pessoas de carácter individualista estiverem atentas, gere-se naturalmente um grande grupo movido pelo o nosso Bom Senso.

Mudem vocês próprios, antes de tentar mudar o resto, e aí veremos novos acontecimentos no nosso quotidiano.

Grande abraço ; )


segunda-feira, 25 de junho de 2012

Portugal no Euro


Hoje pra surpresa de toda a gente e de uma forma completamente original venho falar do Euro ’12. Mas não, não vou criticar o Cristiano (nem o penteado ridículo dele). Também não vou dizer que a Selecção de Futebol me representa enquanto português e que quem não gosta da selecçao deveria ser expatriado e perder a nacionalidade. Também não vou falar dos 33 mil euros que aqueles jovens e o Eusébio gastam pra passar ali um dia (sendo que 12 tão lá a passar férias).
Só venho expor aqui o quão ridículo é o povo português. Quase se comem vivos por causa do CR7, uns dizem que é Deus na Terra, outros que a minha avó jogava melhor que ele. Ficam indignados com as bombas que os jogadores têm, porque é uma falta de respeito. Mas estão-se nas tintas para o que se tem passado nos últimos tempos.
A EDP já não é portuguesa, mas dá guarida e salários milionários aos mesmos burgessos que dizem que vivemos acima das nossas possibilidades.
O polvo Miguel Relvas abafa uma jornalista, que se demite e ninguém quer saber desta completa e abjecta falta de respeito pela liberdade de expressão, defendido ainda pelos boys da ERC, esse bando de nulidades.
O Vitor Gaspar aproveita pra vir dizer que isto não está a correr muito bem e o pessoal todo a ver o Euro quer lá saber, quando tiverem que ir dormir pra uma caixa logo se pensa no assunto.
A Grécia está por um fio, mas que interessa? Agora já nem está no Euro e Portugal ainda está!
O governo vai cortando na qualidade do SNS, na educação, na justiça, mas a PPP continuam, os compadrios continuam, os ‘super-espiões’ idiotas continuam, mas que interessa? O Ronaldo marcou dois golos e já é o maior do mundo!
O dinheiro da troika que nos está a colocar numa posição tão complicada é usado pra cobrir buracos dos bancos e os corruptos do BPN? Está tudo na maior, são amigos do Cavaco. Que interessa? Vamos dar uma coça aos nuestros hermanos.

Continuemos assim, vamos longe! Continuamos a ser a m*rda do país do fado, Fátima e futebol, ridículo.

Pedro von Hafe Leite

domingo, 17 de junho de 2012

Ouvir o que os outros dizem

 Não é educado ouvir a conversa dos outros, mas há uma que eu gostaria que os leitores deste blog ouvissem. Richard Dawkins e Lawrenc Krauss, duas das grandes mentes da actualidade, resolveram fazer um debate (que tem mais de conversa do que debate) sem moderação. Isto porque Dawkins afirma que "o moderador interrompe a conversa quando esta começa a ficar interessante".
 O resultado é algo que só não ajuda a abrir a mente de pessoas que gostam de viver na ignorância.


Lamento apenas que não tenha legendas em português. São 12 partes e no final de cada parte nas sugestões de outros videos poderão escolher a parte seguinte. Se quiserem ver a conversa no Youtube através de uma playlist aqui têm o link: http://www.youtube.com/watchv=ZLctxRf7duU&feature=list_related&playnext=1&list=SP60FA6951C8318996

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Tão idiota como outra qualquer!

Na sequencia da crónica anterior sobre aumento da produção agrícola nacional.
Penso que todos os cm2 de território deveriam ser produtivos, não devendo haver baldios, zonas de ninguém ou de alguém que não quer/pode e cuidar/explorar o que é seu.
Assim, penso que seria preferível:
1) Ser realizado um estudo científico executado por técnicos especializados (ex: geólogos, biólogos, engenheiros agrónomos/florestais, agricultores, etc) de modo a saber, para aquela região, quais as explorações mais rentáveis;
2) Ser realizado um mapa do país com as diferentes zonas de exploração (ex: zonas de agricultura, silvicultura, parque florestal, construção, etc);
3) Os cidadãos com propriedades seriam notificados para procederem à exploração da sua propriedade, conforme o estudo nacional;
3.1) Considerando que os portugueses, de uma forma geral, não têm espírito empreendedor e estão habituados que o estado lhes resolva os problemas, então, poderia ser criada pelo estado uma empresa S.A. (por exemplo, de silvicultura) para gerir a exploração agrícola e florestal.
3.1.1) essa empresa começaria com capitais maioritários do estado, os quais passariam para as mãos de privados num plano previamente estabelecido. Ficando o estado com um percentagem que lhe permitisse manter segurança de políticas, controlo de execução e investimento económico.
3.1.2) os proprietários de terrenos que quisessem poderiam ter capitais da empresa, de pelo menos o valor dos seus terrenos. Deste modo, i) a empresa faria a exploração dos terrenos, ii) o proprietário receberia os proveitos descontados dos gastos da exploração; iii) os proprietários seriam também responsáveis pela gestão da empresa.
3.1.3) Os cidadãos que não pudessem fazer por si a exploração dos seus terrenos, a empresa faria esse serviço, sendo o custo retirado ao lucro dessa exploração.

Concomitantemente, poderia ser criada pelo estado uma empresa S.A. para estudo, melhoramento, produção e venda de sementes, “plantas de estaca”, arvores, etc para a(s) empresa(s) de agricultura, silvicultura, etc. Esta empresa teria o mesmo modelo de criação e gestão descrito anteriormente.
Deste modo fechar-se-ia o ciclo de produção e exploração, estando todas as frentes em mãos nacionais.

Esta poderia ser uma maneira, de uma forma integrada e estrutural, aumentar a produção nacional e diminuir importações, deficit e desemprego.
Numa altura em que se procura ideias para sair da crise, cá fica esta, tão idiota com outra qualquer!

O que vai Você Fazer em relação a isso?

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Tráfico Humano Em Portugal

Infelizmente, é uma realidade bastante presente no nosso país, que está completamente ligada ás outras redes de tráfico de armas e de drogas\narcóticos.
Na verdade, as grandes casas de alterne situadas nas grandes praças das nossas cidades, são fruto desta exploração injusta, onde estas atrocidades acontecem a toda a hora, violações atrás de violações...

Para conhecer um pouco melhor este mundo submergido, partilho convosco um excerto do próprio J.N., exemplificando um destes casos:


"Natália tinha 14 anos quando chegou a Portugal. Uma menina. Não conhecia a língua, nem ninguém. Foi entregue a "Maria", que se dizia sua amiga, mas que acabou por se transformar na pior das inimigas, quando a obrigou a prostituir-se.
Com um passado familiar marcado pela miséria e o alcoolismo, e depois de ter sido vendida por um tio a um estranho, passou a vender o corpo nas ruas da Baixa de Lisboa. Porém, após alguns meses de desespero, com maus tratos e lágrimas em pano de fundo, o caso de Natália acabou bem. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras conseguiu resgatá-la da rede suspeita de escravizar mulheres para a prática da prostituição.
Muitas outras "natálias" continuam a ser vítimas de um crime, com largas "cifras negras" em Portugal, até que se consiga conjugar todos os esforços para minimizar o flagelo. Pelo menos assim o deixou entender Almeida Rodrigues, na abertura do Congresso Nacional sobre Tráfico de Seres Humanos, que decorre até hoje em Loures, adiantando que Portugal é, simultaneamente, país de destino e de origem das vítimas.

"Decorridos mais de cinco anos da convenção de Palermo [Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transformacional] não temos feito uso adequado dos instrumentos à disposição. Ainda não conseguimos dar o salto para a frente, tal como já fizemos com os infiltrados no tráfico de droga e a moeda falsa", salientou o director nacional da Polícia Judiciária.
O responsável revelou que nos últimos cinco anos foram instaurados na PJ "apenas 129 processos relacionados com tráfico de seres humanos", considerando que tal número é "manifestamente pouco" e certamente inferior à realidade.
"Temos de investigar com todas as técnicas especiais que temos usado com grande sucesso noutros tipos de crime. É necessário que todos tenhamos a noção de que há pessoas que são reduzidas à condição de coisa e tratadas como tal. Falta uma atitude pro-activa na denúncia", atirou."

Por último,  só quero salientar  uma questão: Como é que estas organizações decadentes se apoiam, e para onde exportam grande parte dos seus lucros? (tendo em conta que está ligada ás redes de droga e tráfico de armas, tão nítidas no mundo criminoso que rodeia o futebol)
É escusado dizer que não é o ladrão ali da esquina que consegue movimentar isto de uma maneira tão colossal, mas sim quem tem grande poder (um tanto político\desportivo), para manipular toda esta gestão de dinheiros, para pagarem milhões a gajos que correm atrás de uma bola...


Suponho muito, mas devemos falar do que se passa à nossa frente, para saber o que está certo e o que está errado com mais clareza, portanto...
Sejam controversos, "cheers"!


Fontes:
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1143823

"Tráfico humano aumenta em Portugal"
http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/trafico-humano-escravos-sef-imigrantes-imigracao-ilegal/940655-4071.html

Caso "Passarelle"
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/rei-do-alterne-ve-pena-anulada

terça-feira, 12 de junho de 2012

Agricultura para que te quero!

O problema central da agricultura nacional prende-se com a falta de produção, a qual está fortemente associada a i) uma falta de consistência/deriva das políticas nacionais para o sector, e ii) politicas erradas implementadas, o que induziu ao desinvestimento e a uma perda de coesão nacional no sector de modo a fazer face à concorrência estrangeira. Assim, neste momento, Portugal, que é o país da EU com maior exposição solar e possui um clima ameno, incompreensivelmente importa a maioria da alimentação que consome (em comparação a Alemanha é auto-sustentável cerialiferamente!).
O exemplo mais paradigmático da falta de organização crónica que o povo português padece é o desordenamento do território nacional
Viajando pelo país é possível observar i) como recorrentemente se constrói e só posteriormente se pensa nos acessos, saneamento, abastecimento de água, luz, etc; ii) que existem a paredes-meias zonas habitacionais com fábricas e/ou zonas agrícolas e/ou florestais. Esta total falta de organização leva a uma menor rentabilidade e produtividade e a uma diminuição da qualidade ambiental e de vida. Pois, i) são necessários mais meios, sendo mais demorado e dispendioso a implementação de estruturas (ex: como é que se consegue elaborar uma rede eficaz de transportes colectivos se em vez de povoados/aldeias, existe um conjunto de casa ali e acolá?), ii) torna-se mais difícil a exploração de zonas agrícolas ou florestais, iii) a parca agregação em parques industriais não estimula as sinergias entre empresas.
Considerando que é imprescindível, para que um país seja sustentável, tentar produzir o suficiente para suprir todas as suas necessidades, só indo comparar estritamente aquilo que não consegue produzir:
i) as politicas nacionais para a agricultura (tal como para os restantes sectores produtivos) devem fomentar a produção nacional e devem faze-lo numa linha de pensamento a longo prazo.
ii) este aumento produtivo, de modo a ser optimizado dever ter em consideração as indicações de um grupo de estudo especializado (a explorar em crónica posterior) de modo a saber qual e produção mais rentável e sustentável naquela região.
iii) os produtores devem ser incentivados a deixarem a tradicional pequena estrutura produtiva para se associarem em médias/grandes empresas S.A. que consigam ter maior poder negocial com os clientes, maior abrangência de mercados de venda, maior capacidade de “encaixe” das variações dos preços dos mercados internacionais e dos prejuízos induzidos por intempéries, etc.
O que vai VOCÊ Fazer em relação a isso?

Desemprego


Tinha este texto guardado, até tive que ver se não era repetido! Achei engraçado porque nem percebi que era meu ad inicium, desde já peço desculpa por ser longo!


A grande fragilidade do país é fácil de identificar e todo o espectro político é unânime (haja alguma coisa), é o desemprego. Ora, para criar empregos há 4 alternativas:
1º- O Estado engrossar as suas fileiras, no funcionamento público, algo que neste momento é impossível porque não há dinheiro e nunca é recomendado. Aliás, uma tarefa muito importante é emagrecer o Estado, fazendo uma revisão dos mais que badalados institutos e empresas do estado. Os alicerces do sistema democrático são uma horda de boys e clientes, desde a Assembleia da Republica até à junta de freguesia de Fuigueiró dos Vinhos, em que estão lá os sobrinhos do amigo do presidente que já lá está desde o 25 de Abril. Pode-se dizer ‘mas se estão lá é porque votaram neles’, obviamente que o fazem, pois todos têm um familiar próximo senão mesmo a própria pessoa que vive à custa dos clientelismos e das cunhas. O governo tomou uma medida positiva para este problema, restringindo o número de mandatos dos presidentes de câmara, mas é preciso mais. Os Governos Civis, por exemplo, são um atentado à democracia e ao respeito por quem realmente trabalha e quer andar com este país para a frente. Mais havia a dizer sobre este assunto, mas vou relegá-lo para uma próxima oportunidade.

2º- Fomentar a economia interna, tomando medidas que façam aumentar em número e tamanho as empresas portuguesas e que estas aumentem as exportações. Para isso, será preciso alterar algumas regras contributivas para as pequenas e médias empresas, equilibrando essa diminuição de liquidez com um aumento de imposto sobre a banca e grandes empresas. Facilitar a formação de uma empresa, descomplicando o ’’’’simplex’’’’, diminuindo a burocracia.
Dentro deste ponto será importante referir o empreendedorismo. Vivendo e sendo a geração com mais acesso à informação e num mundo quase sem fronteiras os jovens deviam ser, desde tenra idade, incentivados a desenvolver aptidões, desenvolver as suas capacidades intelectuais para criar ideias e negócios rentáveis e exportáveis. Surgem como expoentes máximos desta atitude empresas como a YDreams e a Sovena, sendo que esta última junta tecnologia de ponta à agricultura.

3º- Aumentar a implementação de empresas estrangeiras no país. Tanto para isto, como para o ponto anterior, será obrigatório flexibilizar o mercado de trabalho promovendo um despedimento que não exija um longo, moroso e dispendioso processo judicial dos elementos que não têm uma performance adequada aos serviços da empresa, salvaguardando, ainda assim, os direitos dos trabalhadores. Seria, portanto, de grande importância, uma reforma conjunta do trabalho e judicial. Esta flexibilização deveria começar dentro de cada empresa com acordos entre as comissões de trabalhadores e os agentes patronais, tal como aconteceu na Autoeuropa, “precarizando”, ainda que de forma temporária, o emprego através de horas extraordinárias, turnos extra com menos custos e ausência de férias para a empresa. Com isto pretende-se que os trabalhadores sejam considerados como accionistas das empresas, partilhando as dificuldades e os lucros das mesmas. Sendo que nesta empresa, em pleno momento de crise, foi possível abrir 300 novos postos de trabalhos depois de o esforço dos trabalhadores e dos patrões para evitar o encerramento desta unidade da VW. Que é tudo o que os sindicatos não defendem, virando sempre os trabalhadores contra os patrões, criando um ambiente de guerrilha dentro das empresas. Expoente máximo desta irresponsabilidade são as greves decretadas pelos sindicatos dos maquinistas da CP, essencialmente contra os cortes salariais, e que obviamente nunca terão qualquer efeito para a revogação destas medidas pelo menos enquanto tivermos um governo demissionário. Esta greve gera apenas duas consequências, fim-de-semana prolongado para os maquinistas e transtornos para as pessoas que querem realmente trabalhar e que precisam dos comboios para isso. 

4º- The last but not the least, é ainda necessário incentivar os jovens a seguir cursos técnicos que lhes permitam aprender profissões como agricultor, talhante, cozinheiro, sapateiro, pedreiro… Cursos ’’’superiores’’’ que não passam de um diploma vazio no conteúdo, que não suprem as necessidades da sociedade, não são úteis. É obvio que se pode tirar um curso pela vantagem de se enriquecer culturalmente, mas não se pode exigir um emprego em muitas destas áreas que não lembram ao Diabo. Maior parte das licenciaturas onde o desemprego é maior são cursos que servem para os jovens passarem 3 anos de férias à custa dos pais e dos contribuintes e cujas pseudo-qualificações não servirão para qualquer avanço da sociedade. O emprego é um investimento, temos que investir em aptidões que sejam procuradas. Pouca gente ao longo da vida vai fazer sempre o que gostas, faz parte dos obstáculos que temos que enfrentar, mas o trabalho é só uma parte dessa vida, uma pessoa não tem que ser infeliz por trabalhar no modelo ou num call center. E se a licenciatura for útil, mais cedo ou mais tarde, alguém nos procurará! Será importante relembrar que na FEUP um ano depois de acabar o curso 100% das pessoas tem emprego. Mas, voltando aos cursos mais técnicos, é importante modificar a imagem que os jovens têm das profissões para as quais esse cursos são feitos. Ser agricultor já não é só andar de enxada na mão a plantar batatas, ser pastor não é só levar as ovelhas para o meio do monte e ser pescador não é só ir para o mar num barquinho de madeira durante a madrugada. Se bem que se ainda assim fosse era muito mais honrado do que estar na casa dos pais a fazerem-se de coitadinhos. Parece que grande parte da população segue o ditado de que mais vale uma mão inchada do que uma enxada na mão. Os grandes exemplos de que estas profissões, se forem encaradas com profissionalismo, empreendedorismo e visão podem criar emprego e dar uma vida de qualidade a quem por eles enveredar são o Grupo Amorim, a Portugal Fresh, a Sovena e o grupo Nabeiro.


Pedro von Hafe Leite

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A redenção da nação num golo

Já não bastava um código laboral e recibos verdes que entregam a mão de obra a preço de saldo aos capitães do emprego (vulgo call-center e sector do retalho) e a faz tão precária como a nossa credibilidade nos mercados financeiros ainda temos que deixar de poder negociar colectivamente contractos para os assalariados percam ainda mais. Afinal é preciso competir com as antigas repúblicas soviéticas, e há quem sonhe com isso e ainda consiga vislumbrar competir com a China e todo o sudeste asiático para fabricar brinquedos com chumbo.

Neste capítulo Teodora Cardoso fez um relatório exímio, disse claramente que do ponto de vista técnico a execução dos objectivos segue um trânsito adequado mas não acredita que baixar salários possa melhorar alguma coisa. Talvez devêssemos começar por cortar o salários de gestores, de consultores como António Borges, para incentivar e dar o exemplo aos restantes 10 milhões de fidalgos neste país, pois receber um dos mais baixos ordenados médios da UE e ter das maiores disparidades salariais da OCDE e UE deve ser um facto desconhecido á troika e ao Sr.Goldaman Sachs (P.S. António Borges foi despedido por incompetência ou talvez dano doloso no seu alto cargo no FMI, quem diria que um banqueiro ganancioso não seria responsável em tão nobre causa de estabilizar os mercados contra a especulação de bancos tipo Goldman Sachs)

Este é o melhor incentivo que os portugueses tem para se sindicalizar, mas só se os portugueses não forem otários ou seja se não gostarem de levar no pelo, e isto é como quem diz levar 600 euros para casa em recibo verde, pagar 70 em impostos e segurança social e não bufar.

Viva Portugal e o Ronaldo, assim vale a pena, abanar a bandeirinha, ver pela centésima vez os jogadores neste ou naquele momento mais descontraído.
O período de nojo também devia existir na televisão, para o qual as absurdas preocupações de uma bola entrar ou não baliza deviam ser secundárias à actual situação, parece que ainda não será tão cedo. Talvez para o próximo.

Tantos devem tanto por tão poucos

O Nuno vai-me perdoar por seguir-me ao post dele como uma usurpação destas, mas tal como o cartaz dizia nunca tantos deviam tanto a tão poucos. Em Portugal, nação em paz desde há 35 anos, posso dizer que é o inverso. Nunca tão poucos deveram tanto a tanta gente.

Falo claro da recapitalização da banca, tida como necessária por muitos, e não querendo esgrimir argumentos de carácter técnico com pessoas que têm muitos mais conhecimentos nesta área do que eu, gostava apenas de lembrar que os bancos puramente e simplesmente não emprestam. Na altura em que mais precisávamos deles para relançar os fundamentais da economia ou seja o apoio financeiro à produção e á exportação, mesmo com taxas de juro absurdamente baixas concedidas pelo BCE, tendo em conta as condições de mercado, os bancos secam o crédito. Mais uma vez apenas disponibilizam a quem não tem necessidade dele. Com a capitalização dos bancos pelo Estado, este ganha o direito a eleger um administrador que Passos Coelho já prometeu ser um agente silencioso em vez de um agent provocateur como na Inglaterra, nos EUA ou outros inúmeros países onde os euros suados dos contribuentes são respeitados e quando estas notas entram nos bancos ou outra empresa privada com um objectivo de bem comum maior, vêm com condições de não desbaratar ou desviar do seu propósito, havendo sempre o tal accountability ou seja responsabilização (engraçado tamanha palavra não ter tradução literal para português). Os bancos ficam com a sombra do Estado mas podem fazer o que quiserem com o dinheiro pois o administrador do Estado é uma formalidade e apenas mais um job para um qualquer boi(Y).(peço perdão pela piada fácil)

O dinheiro de todos parece preocupação pouca para os políticos. Afinal o dinheiro público não é de todos, para efeitos práticos sim, mas quem paga impostos são os que trabalham todos os dias, que são lixados na declaração por erros menores, aqueles que apenas pecam por serem otários e não baterem o punho na mesa e exigir igualdade de tratamento para os grandes usurpadores. Quem são os usurpadores? Os bancos que pagam na prática muito menos que qualquer empresa em IRC, o pessoal do off-shore que raramente paga os impostos devidos e quando os paga apenas paga uma taxa não progressiva e está abaixo da incidência da maioria dos trabalhadores dependentes.

Em nota de rodapé queria dizer que o verdadeiro patriota não é aquele que anda com a bandeirinha, o cachecol ou berra a Portuguesa, mas lê as notícias, conhece os factos, juíza racional e ponderamente com bom senso e calma a realidade. Sei que a realidade é uma cortina de fumo feita com a espuma dos dias para muitos, para aqueles que querem pensar o país e a vida comum existe um esforço para além daquilo que nos é servido de bandeja  por media medíocres ou comprometidos, pois como o povo diz não existem almoços grátis, na informação e na política é tal e qual. Em mais uma nota de rodapé na altura em que os bancos voltarem a ter grandes lucros alguém lhes lembre que quando precisaram de ser amparados estivemos cá, talvez da próxima não conseguiremos estar, por isso eles que criem as suas próprias reservas ou que o governo se disponibilize para cobrar mais ao bancos no tempo das vacas gordas para depois os salvar com a merda atingir o teto.

Chico-espertice

Há duas semanas que Nicolau Santos, economista e director do suplemento de Economia do Expresso, escreveu na sua coluna habitual um caso, não tanto curioso mas interessante e um representativo da sociedade portuguesa em geral e da perversidade de muita gente neste país.

Neste caso o reputado economista tendo feito parte de um painel de figuras relevantes da economia numa iniciativa do Expresso, em Viseu para as PME, reporta que recebeu várias reacções de empresários que estiveram nesta iniciativa. Ele relata que muitos empresários diziam que queriam crédito para fazer frente ás dificuldades de tesouraria, à necessidade de reestruturar dívida a longo prazo com condições mais favoráveis do que os empréstimos normais, para investir, enfim para uma série de razões tidas como legítimas para empresas que dão emprego, que se querem desenvolver, investir, recrutar e contratar. Enfim estas empresas querem ser agentes de desenvolvimento por motivação própria e querem criar riqueza.

No entanto qual é pasmo destes empresários que quando contactam os bancos que gerem as linhas de crédito que o Estado disponibilizou com um esforço considerável, em especial considerando as necessidades de investimento em inúmeros sectores do Estado, são lhes dado prazos incrivelmente demorados de decisão, por ventura para desincentivar a procura de tamanha soluções, exigências incomportáveis para aceitar o tal risco, que na prática é nenhum visto que é capital seguro pelo Estado.

Aliás chega-se ao cumulo de gestores de conta, de bancos não nomeados no artigo, de contactarem empresas sem manifestas necessidades de financiamento em requerem o tal crédito da linha para investirem em contas a prazo e outros produtos financeiros do banco, pelo facto de que os juros da linha serem muito inferiores aos juros que o banco propõe ás empresas para desviar o tal crédito estatal para o banco num produto financeiro. Esta informação foi veiculada a Nicolau Santos por um empresário a qual não tendo qualquer necessidade de financiamento foi contactado pelo gestor de conta da sua empresa  para que pudesse beneficiar de dinheiro fácil e que não ajuda a economia e erra completamente o propósito e para que o banco encaixa-se um depósito fácil e dificilmente seria levantado pelo empresário em caso de necessidade.

Uma completa subversão do propósito para qual foi destinado esta verba pelo Estado. Os bancos como sempre querem escapar ás responsabilidades de financiarem a economia com estratagemas que tiram o risco e alavancam lucros. Querem como se diz na minha terra, o sol na eira e a chuva no nabal.

Os mesmos bancos que foram os agentes determinantes no lobbie da desregulação financeira, na alavacangem financeira, aqueles que podem praticar as politicas remuneratórias que quiserem em prejuízo ou no lucro, aqueles que se tiverem problema são os primeiros a serem ajudados, aqueles que ainda hoje não foram responsabilizados e que ajudaram a esconder a realidade. Esses mesmos tipos estão a agora nas mesmas receitas de chico-espertice.

Uma menina canadiana de 12 anos numa conferência do banco central deste mesmo país tem algumas boas coisas acerca dos bancos, ainda que de um modo genérico.

Posso resumir numa fase de Mark Twain, ainda que parafraseada: "O banqueiros é pessoa que te empresta um chapéu de chuva quando faz sol e que o te tira quando chove"

terça-feira, 5 de junho de 2012

"Nunca tantos ficaram a dever tanto a tão poucos"

As palavras são de Winston Churchill e não poderiam estar mais correctas. Todos os anos por esta altura e nesta selva que é a Internet eu presto homenagem aqueles que caíram na Segunda Guerra Mundial a lutar pelo bem maior, este ano faço-o por aqui. Amanhã dia 6 de Junho faz exactamente 68 anos que a maior operação militar da história teve inicio. No dia D à hora H as tropas aliadas iniciaram o desembarque na costa da Normandia (França) na ofensiva que ditou o inicio do fim do regime Nazi. Por isso todos os anos eu gosto de agradecer a quem deu tanto a este mundo. Um muito obrigado a todos aqueles que deram a vida para que hoje eu possa estar a escrever isto. Ao ver o mundo como está espero que o sacrifício destes homens, mulheres e crianças não tenha sido em vão. Aos meus leitores só peço uma coisa, nunca se esqueçam.

@Wikipedia


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ditador Competente Vs Democrata Incompetente


Hoje quando pensava como preencher mais umas linhas pra este rico blog deparei-me com uma frase do Salazar ‘postada’ no facebook que dizia o seguinte: ‘há que regular a máquina do Estado com tal precisão, que os ministros estejam impossibilitados, pela própria natureza das leis, de fazer favores aos seus conhecidos e amigos’. Isto vem reforçar uma tese que apresento há algum tempo que defende que este regime é melhor, porque promove a diferença e trouxe uma sensibilidade social importante, porém o regime de Salazar tinha pessoas muito mais competentes e inteligentes. Acho que isso se deva à perda de reconhecimento que a política teve e que agora se baseia em jogos de poder pra ver quem consegue, estando no governo, ajudar mais as suas empresas ou os seus amigos.

O caso do incompetente Relvas e do seu D. Quixote Passos Coelho é a prova mais flagrante disto e é inaceitável que nós, enquanto cidadãos, não façamos nada. Como é que as pessoas que passam por ele na rua e não lhe dão um abanão? Os portugueses passaram de não poder ter opinião política para não quererem ter opinião política. E é esta falta de interesse que permite que esta gentalha chegue ao poder, ao invés das pessoas cultas e competentes que nem querem ouvir falar na política pois são logo conotados com a corrupção e falta de dignidade que impera neste sistema.

Não podemos chamar liberdade a isto… E entre poder votar de 4 em 4 anos em incompetentes, ou ter lá um ditador competente venha o diabo e escolha.
A situação ideal seria fazer uma reforma política de base onde pudéssemos eleger os candidatos de cada partido, onde se pudesse ter uma vida política activa sem pertencer aos partidos e ficar sujeito aos lobbys que os sustentam. Eu não sei se para isto é preciso uma revolução de cariz militar, mas seria bom que estas pessoas saibam que não podem passar impunes, que não podem dizer pra nós emigrarmos quando nunca trabalharam na vida, quando nasceram com o cu virado pra lua e a única coisa que sabem fazer são estes jogos de interesses.

Vamos dizer chega, vamos fazer umas manifestações, vamos furar os pneus a esses gajos. Vamos fazer com que eles temam o povo e nos ponham sempre em primeiro lugar. E se não é pela dignidade que seja pelo medo! 

Pedro von Hafe Leite

domingo, 3 de junho de 2012

Cheira a alucinação

Só a título de curiosidade, alguém consegue imaginar um país com uma taxa real de desemprego cifrada em 20%, as exportações a decrescerem, os principais mercados exportadores a contraírem, erosão social, grande aumento da pobreza, custos galopantes para suportar a dívida em especial após o resgate da nação para com a qual tem uma dependência directa e indirecta de cerca de 10% no seu PIB, e um default de um país a quem foi aplicada a mesma receita de austeridade, crescer ao ritmo que permite atenuar os 100% de PIB em dívida para 90% em 3 a 5 anos, cumprir metas de redução de 2% ao ano na dívida e em 2013 ou 2014 cumprir uma regra de défice máximo de 0,5%?


Não conseguem e eu também não. Como devem imaginar querer não é poder e menos muito conseguir mas é o primeiro e talvez mais decisivo passo para conseguir. Crescer é primeiro querer tal coisa acima de tudo e depois estruturar uma estratégia que não seja apenas cumprir metas orçamentais. Que tal primeiro começar juntamente com outros países a pressionar uma Alemanha com taxas de juros a roçar o zero, de que mais do que nunca não tem a temer em emprestar dinheiro aos países europeus periféricos a reerguerem-se?


Quem pode fazê-lo, devia fazê-lo.

Pirómanos em Atenas

Hoje falamos da quase certa saída da Grécia do Euro, em especial face ás sondagens que colocam o Syriza à frente de um governo com o principal objectivo de rasgar o acordo com a troika. Certamente este partido, mesmo não tendo um programa apoiado pela maioria, poderá dinamitar toda a Grécia, se se tornar o principal partido dado a lei grega dar um bónus de 50 deputados à força política mais votada. Uma autêntica usurpação de votos que pode dizer um pouco sobre o desnorte político do país, sabendo á partido que não somos melhores nesse ponto.
Outras forças políticas tanto ou mais extremistas, tanto à esquerda como à direita, poderão querer seguir o Syrizia no rasgar de acordo por princípio ou por demagogia, mas para pouco mais se disponibilizarão a governar, tamanha é a disparidade política do país.

A Grécia só terá uma moratória na sua tragédia se a Nova Democracia for o principal partido e esta respeitar o acordo.

As consequências da saída do Euro para a Grécia serão, segundo muitos economistas devastadores para a economia grega com uma década perdida, recessão quase garantida por meia década e tudo isto implicando um perdão da dívida total. No entanto outros economistas prevêem um cenário bastante menos negro, com um agravamento da recessão ainda que moderado nos próximos cinco anos da presente situação na Grécia.
Não sei no que é que Alex Tsipras, líder do Syriza, se apoia em termos de previsões económicas para a Grécia para advogar este rasgar de acordo, se simplesmente não aceita o acordo pelos efeitos que este tem no presente ou se não aceita o acordo por estas duas razões. Contudo Alex Tsipras e muitos outros políticos e gregos acreditam que a Grécia poder ser o bombista suicida, aquela nação que não tem nada a perder, que pode intimidar as outras nações com as avultadas perdas do default para os bancos franceses e alemães com algo que pode ser apenas bluff, um simples esticar de corda com objectivo de melhorar o acordo ou uma verdadeira intenção de lhes colocarem um tapete vermelho para receber sem cumprir o acordo. Eles próprios dizem que a situação deste modo é insustentável, que não poderão perder mais. Assim é fácil perceber que a única alternativa é encostar o BCE, a comissão e a Alemanha à parede dizendo que a Europa perderá muito, até mais que a Grécia com a saída desta do Euro.
A verdade é que ainda não falaram verdade aos gregos, tendo muitos políticos e partidos sido demagógicos e falado da troika como sádica e não como um pacto de emergência para um situação de peri-cataclismo.

Independentemente das crenças políticas que cada grego, dos seus esforços para atingir as metas exigidas no acordo,muitos gregos já há muito que terão chegado à conclusão que poderia ter sido conseguido um melhor, que este acordo apenas serve os credores, que emprestaram em regime de usuária e ajudaram a mascaram a realidade da dívida, a resgatarem pelos menos parte do dinheiro e que este acordo nunca visou a recuperação económica para a austeridade e recessão que seriam necessárias. Mesmo com o cumprimento do acordo e a reestruturação da dívida, uma Grécia empenhada em cumprir dificilmente conseguiria respeitar o acordo. O acordo foi feito em moldes que desprezaram a dimensão do problema, impuseram prazos curtos e juros incomportáveis para as imposições feita no início.
Os gregos poderão ter muito para reclamar da UE, dos seus órgãos, do BCE, da Alemanha e em especial dos seus políticos que durante gerações ocultaram a realidade. No entanto temos que fazer um exercício de responsabilização. Na democracia não só se exige direitos, a boa fé democrática também exige deveres. O dever de exigir a verdade e explicações, e neste caso a realidade financeira de uma nação.


Uma verdadeira democracia quer negociar primeiro antes de romper o que quer que tenha acordado. Uma verdadeira democracia cumpre o acordado, dispõe-se ao sacrifício de suportar uma responsabilidade comum, pagando os impostos, aceitando, ainda que com limites e negociação os sacrifícios exigidos. Tem que exigir não apenas verdade e direitos mas o também escrupuloso cumprimento dos deveres éticos dos políticos que elegemos..