terça-feira, 28 de agosto de 2012

O que me faz questionar a guerra?

 Antes de mais deixem-me dizer que não é o meu desejo ver guerra espalhada por todo o mundo. Mesmo assim tenho que admitir que por alguma razão desde muito jovem me interesso por estudar o tema.
 Desde a pré-história até aos dias de hoje a humanidade entrou em vários conflitos bélicos pelas mais variadas razões, desde cultura a religião, desde assassinatos a dinheiro, nós o ser humano conseguimos mesmo provar que a racionalidade apenas nos permite matar o próximo de forma mais eficiente.
 O que mais me perturbava no meio disto tudo era  não saber o porquê de tanto fascínio pelo tema, tinha a certeza daquilo que não era a razão que me levava a estudar tal assunto apenas não sabia o que me levava a fazê-lo.
 Já vi os mais variados documentários, já li textos que ocupariam livros, também há os trabalhos de ficção que não devem deixar de ser levados a sério. Sempre que me encontro num desses momentos de estudo tento imaginar-me em qualquer uma das situações apresentadas e mais importante de tudo tento tomar uma decisão, desde o soldado ensanguentado que durante 8 horas não largou o posto para que os seus companheiros não morressem, desde o agricultor que simplesmente tentava não ser morto por nenhum dos exércitos que combatiam, ou o soldado americano que para viver teve que matar um adolescente que era soldado alemão e até mesmo o padeiro português que ficou "retido" em Angola porque a UNITA precisava de pão, entre muitas outras situações. De todas as vezes eu me questionava se seria capaz de fazer o mesmo, se faria de forma diferente, são perguntas que provavelmente nunca poderei responder mas  por querer fazer essas mesmas perguntas eu não abandonava esse meu interesse até que se fez um "clic" na minha cabeça, a guerra leva-me a questionar a minha própria humanidade e mesmo parecendo fácil e até óbvio dizer isto acreditem que não é.
 Não é fácil dizê-lo porque a maioria das pessoas se limita a questionar e a julgar a (humanidade) daqueles que cometem os actos sem nunca se colocarem na mesma situação. Espero que algum dia todos nós possamos saber aquilo que nos leva a questionar a nossa humanidade, o mundo bem que precisa.

domingo, 26 de agosto de 2012

É o emprego, estúpido

Nos anos 90 Bill Clinton dizia: "it´s the economy, stupid", o homem que consegui reduzir o desemprego nos EUA para níveis apenas vistos no pós-guerra, reestruturou todo o gigantesco passivo da segurança social e o buraco orçamental. Tudo isto cortando os privilégios fiscais efectivos sobre as classes altas, promovendo altas de impostos ás grandes corporações, incentivo ao crédito à economia real para criação de pequenas empresas. Estas e muitas mais medidas permitiram reduzir o desemprego, recriar uma classe média, diminuir a criminalidade galopante, reequilibrar o poder económico com o poder governamental. Tudo isto depois de meia década de crescimento incipiente.

O Bill percebeu que para criar riqueza é preciso emprego, é preciso aumentar a produtividade, a procura, o investimento público e privado, no fundo o governo tem que assumir uma tarefa fundamental, encurtar o fosso social, reequilibrar os poderes na sociedade e na economia e redistribuir riqueza via impostos e incentivos.

Perguntam-se porque pagamos até 45% em rendimentos de trabalho e porque rendimentos de capital e rendas pagam apenas 7 a 12% de impostos? Porque as louvadas PME pagam 22% impostos e as grandes empresas com offshore e outras vias conseguem pagar apenas 5 a 7 % efectivos? Perguntam-se porque são dadas amnistias fiscais aos detentores de fortunas milionárias para maiores encaixes enquanto capotes de PPP, BPN e BPP roubou preciosos recursos financeiros?

Mas acima de tudo perguntam-se se o desemprego é em si um mecanismos dos neoliberais para que de modo rápido, tecnicamente não ilegal, e encapotado possam descer os salários sempre som a ajuda do aumento da precariedade laboral, transferindo todo o poder e margem de manobra para o patronato, acabando com o último mecanismo de defesa dos trabalhadores, a contratação colectiva?

Lance Armstrong


O Lance Armstrong pode perder as sete Voltas a França e a sua medalha Olímpica por desistir de se defender contra as acusações, que segundo a Agência Anti-Dopagem são baseadas em testemunhas e outras ‘provas sólidas’. Sendo verdade ou não deparei-me com uma posição, quase generalizada, da opinião pública de ignorar que ele desiste de se defender e que a USADA diz que ele se dopou.
Quanto à questão do doping, o facto de nunca ter sido apanhado não garante a 100% a sua inocência, para justificar esta minha opinião basta ver o caso de Marion Jones que também nunca foi apanhada e depois veio a admitir que se tinha dopado.
Quanto às testemunhas, de facto, elas têm a contrapartida da imunidade ao acusarem o Lance, mas nem todos o têm e, para além disso, um dos treinadores deles foi erradicado do ciclismo por ter sido provado que fazia esquemas de doping para os seus atletas. O facto do Armstrong ter doado muitos milhares de euros à entidade responsável pelos testes anti-doping aos atletas é no mínimo estranha, já para não falar do teste anti-doping positivo para EPO na Volta à Suiça que foi, estranhamente, esquecido.
Mas, o mais curioso é que toda a gente o defende e ataca a USADA, dizendo que isto é um ataque pessoal. É engraçado que a palavra de um homem valha mais que a de muitos outros  mais a de uma instituição. E porquê? Porque venceu um cancro? Lamento, mas isso não torna ninguém mais ou menos honesto. E até que ponto a toma de substâncias ilegais não teve uma importância no desenvolvimento do tumor? Porque conseguiu subir uma montanha como se fosse um super-homem? Lá está, se calhar não era da forma mais honesta.
Na verdade não sei o que é verdade ou não, mas a razão que leva as pessoas a defenderam com unhas e dentes Lance Armstrong e não o Vale e Azevedo (que também se diz inocente) é no mínimo curiosa e digna de um estudo sociológico!
PS: Desagrada-me que os grandes responsáveis por este tipo de comportamento sejam os médicos, é vergonhoso!

Pedro von Hafe Leite

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Portugal visto por Lobo Antunes



Um escritor genial, um retrato demolidor da " Nação valente e imortal".

Façam o favor de ler.

"Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida.

Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento.

Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos, culpamos logo os governos.

Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos, protestamos.
Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estóico silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos, que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade.

O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles.

Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão.

O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a meter os beneméritos em tribunal.
Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito.

Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o estou a ver:
- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro
- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima
- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo

que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos, gestores que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.
As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem, penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas, ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas passaremos sem dificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos.
Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!
Loureiro para o Panteão já!
Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!
Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão feia. Para a Batalha.
Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de pacotilha com que os livros de História nos enganaram.
Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito.
Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. Esta pouca vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis.

Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair.

Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar D. José que, aliás, era um pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos Sindicatos. Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por favor deixem de pecar.

Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vêde. E tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este solzinho.

Agradeçam a Linha Branca.

Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar.

Abaixo o Bem-Estar.
Vocês falam em crise mas as actrizes das telenovelas continuam a aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não comem carne mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.
Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha, e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos.

Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e, enquanto vender o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade, a Academia Francesa.
Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os ex-ministros a tomarem conta disto.
Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar?

O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem, não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma que os processos importantes em tribunal a indignação há-de, fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos, como é nossa obrigação, felizes."

(crónica satírica de António Lobo Antunes, in visão abril 2012)


Com vontade de mudar,
Pedro von Hafe Leite

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Crónica d'um país que não devia ser desenvolvido!


Não sei se a Fundação citada existe e se este estudo foi mesmo feito, mas que é uma opinião bem defendida lá isso é! Deleitem-se!

Diário de Notícias

João César das Neves

"Portugal fez tudo errado, mas correu tudo bem."


Esta é a conclusão de um relatório internacional recente sobre o desenvolvimento português.
Havia até agora no mundo países desenvolvidos, subdesenvolvidos e em vias de desenvolvimento. Mas acabou de ser criada uma nova categoria: os países que não deveriam ser desenvolvidos. Trata-se de regiões que fizeram tudo o que podiam para estragar o seu processo de desenvolvimento e... falharam.
Hoje são países industrializados e modernos, mas por engano. Segundo a fundação europeia que criou esta nova classificação, no estudo a que o DN teve acesso, este grupo de países especiais é muito pequeno. Aliás, tem mesmo um só elemento: Portugal.
A Fundação Richard Zwentzerg (FRZ), que se tornou famosa no ano passado pelo estudo que fez dos "bananas da república", iniciou há uns meses um grande trabalho sobre a estratégia económica de longo prazo. Tomando a evolução global da segunda metade do século XX, os cientistas da FRZ
procuraram isolar as razões que motivavam os grandes falhanços no progresso. O estudo, naturalmente, pensava centrar-se nos países em decadência. Mas, para grande surpresa dos investigadores, os mais altos índices de aselhice económica foram detectados em Portugal, um dos países que tinham também uma das mais elevadas dinâmicas de progresso.
Desconcertados, acabam de publicar, à margem da cimeira de Lisboa, os seus resultados num pequeno relatório bem eloquente, intitulado: "O País Que Não Devia Ser Desenvolvido"
- O Sucesso Inesperado dos Incríveis Erros Económicos Portugueses." Num primeiro capítulo, o relatório documenta o notável comportamento da economia portuguesa no último meio século. De 1950 a 2000, o nosso produto aumentou quase nove vezes, com uma taxa de crescimento anual sustentada de 4,5 por cento durante os longos 50 anos. Esse crescimento aproximou-nos decisivamente do nível dos países ricos. Em 1950, o produto de Portugal tinha uma posição a cerca de 35 por cento do valor médio das regiões desenvolvidas. Hoje ultrapassa o dobro desse nível, estando acima dos 70 por cento, apesar do forte crescimento que essas economias também registaram no período. Na generalidade dos outros indicadores de bem-estar, a evolução portuguesa foi também notável.
Temos mais médicos por habitante que muitos países ricos. A mortalidade infantil caiu de quase 90 por mil, em 1960, para menos de sete por mil agora. A taxa de analfabetismo reduziu-se de 40 por cento em 1950 para dez por cento.
Actualmente e a esperança de vida ao nascer dos portugueses aumentou 18 anos no período. O relatório refere que esta evolução é uma das mais impressionantes, sustentadas e sólidas do século XX. Ela só foi ultrapassada por um punhado de países que, para mais, estão agora alguns deles em graves dificuldades no Extremo Oriente. Portugal, pelo contrário, é membro activo e empenhado da União Europeia, com grande estabilidade democrática e solidez institucional. Segundo a FRZ, o nosso país tem um dos processos de desenvolvimento mais bem sucedidos no mundo actual. Mas, quando se olha para a estratégia económica portuguesa, tudo parece ser ao contrário do que deveria ser. Segundo a Fundação, Portugal, com as políticas e orientações que seguiu nas últimas décadas,
deveria agora estar na miséria. O nosso país não pode ser desenvolvido. Quais são os factores que, segundo os especialistas, criam um desenvolvimento equilibrado e saudável? Um dos mais importantes é, sem dúvida, a educação.
Ora Portugal tem, segundo o relatório, um sistema educativo horrível e que tem piorado com o tempo. O nível de formação dos portugueses é ridículo quando comparado com qualquer outro país sério. As crianças portuguesas revelam níveis de conhecimentos semelhante às de países miseráveis. Há falta gritante de quadros qualificados. É evidente que, com educação como esta, Portugal não pode ter tido o desenvolvimento que teve. Um outro elemento muito referido nas análises é a liberdade
económica e a estabilidade institucional. Portugal tem, tradicionalmente, um dos sectores públicos mais paternalista, interventor e instável do mundo, segundo a FRZ. Desde o "condicionamento industrial" salazarista às negociações com grupos económicos actuais, as empresas portuguesas vivem num clima de intensa discricionariedade, manipulação, burocracia e clientelismo. O sistema fiscal português é injusto, paralisante e está em crescimento explosivo. A regulamentação económica é arbitrária, omnipresente e bloqueante.
É óbvio que, com autoridades económicas deste calibre, diz o relatório, o crescimento português tinha de estar irremediavelmente condenado desde o início. O estudo da Fundação continua o rol de aselhices, deficiências e incapacidades da nossa economia. Da falta de sentido de mercado dos empresários e gestores à reduzida integração externa das empresas; da paralisia do sistema judicial à inoperância financeira; do sistema arcaico de distribuição à ausência de investigação em tecnologias. Em todos estes casos, e em muitos outros, a conclusão óbvia é sempre a mesma: Portugal não pode ser um país em forte desenvolvimento.
Os cientistas da Fundação não escondem a sua perplexidade. Citando as próprias palavras do texto: "Como conseguiu Portugal, no meio de tanta asneira, tolice e desperdício, um tal nível de desenvolvimento? A resposta, simples, é que ninguém sabe.
Há anos que os intelectuais portugueses têm dito que o País está a ir por mau caminho. E estão carregados de razão. Só que, todos os anos, o País cresce mais um bocadinho." A única explicação adiantada pelo texto, mas que não é satisfatória, é a incrível capacidade de improvisação, engenho e "desenrascanço" do povo português. "No meio de condições que, para qualquer outra sociedade, criariam o desastre, os portugueses conseguem desembrulhar-se de forma incrível e inexplicável." O texto termina dizendo:
"O que este povo não faria se tivesse uma estratégia certa?".



Pedro von Hafe Leite

domingo, 12 de agosto de 2012

(In) Segurança Social

O presente modelo de financiamento da SgS (contrato social) preconiza que as gerações activas descontem para pagar as reformas actuais. Contudo, com i) a alteração da pirâmide populacional (menos nascimentos do que mortes); ii) com a % de desempregados e reformas antecipadas a crescer, não é possível manter o modelo. Já há vários anos que são feitas transferências do orçamento geral do estado para a segurança social (no valor de vários milhões de Euro) para garantir o seu funcionamento, provando que o actual modelo é insustentável e que a insegurança da segurança social é um facto.
Adicionalmente, são escandalosos os abusos ocorridos na atribuição de apoios/direitos pela SgS, sejam eles tanto as reformas milionárias ou a acumulação de reformas, como os subsídios de inserção ou rendimento mínimo por quem não precisa. É tão grave a falta de fiscalização destes últimos como a mera existência das primeiras.
Mesmo que um cidadão não queira descontar para a SgS, preferindo outras opções de apoio, é obrigado a fazê-lo. Isto representa i) uma falsa sustentação do modelo da SgS, pois só com uma credível competição com outras opções é possível discernir a qualidade dos serviços; ii) uma limitação na liberdade individual e de escolha dos cidadãos. Havendo obrigatoriedade da existência de um serviço de apoio/segurança social, os cidadãos deveriam poder escolher quem querem que lhes preste esse serviço, assumindo os benefícios e os riscos.

Na mesma linha de pensamento previamente proposta para o modelo de saúde, também na SgS o estado deveria ser encarado como um garante da prestação dos serviços, deixando para outros a sua prestação. Assim, deveria:
deixar de ser obrigatório descontar para a SgS
ser o cidadão a escolher quem é o prestador desse serviço
ser obrigatório ter um seguro que cubra as situações que a SgS cobre actualmente
o cidadão, no uso da sua liberdade de escolha, poder fazer quantos seguros quiser no valor que quiser.
haver um seguro mínimo igual em todos os prestadores para garantir o mínimo de protecção para todos os cidadãos
esse o seguro mínimo garantir um subsídio de desemprego e uma pensão no valor do salário mínimo.
o seguro de quem não pode fazer seguro (ex: nunca pôde trabalhar) é garantido com uma “taxa social” cobrada em sede de IRS aos outros cidadãos.

O que é que VOCÊ vai FAZER em relação a isso?

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Eu conspiro, tu conspiras... eles? É o que se sabe.

Numa conversa que estava a ter com o Francisco Carvalho (tomem isto quase como um post conjunto pela ideia que surgiu) formulou-se uma teoria da conspiração engraçada, a teoria essa tem por base o facto de a história se repetir (o ser humano é... digamos vá estúpido...), o fim do império romano e a actual crise europeia.
 Então do inicio e antes que a história se repita, a decadência do império romano deu-se devido a vários problemas políticos, económicos e militares. Quanto aos políticos o típico: "ah se tu tens eu quero ter mais" - e então pumba! Mais um imperador assassinado. Os económicos foi muito parecido ao que vivemos agora: "ah vamos pedir dinheiro emprestado e ficar a dever a toda a gente" - e os militares "Ora portanto não temos dinheiro para manter um exército vamos dar poder aos gauleses, germanos e companhia". Como devem calcular esgotou-se o stock de imperadores, a austeridade não era uma coisa muito conhecida e ter povos que nos odeiam a guardar as nossas fronteiras não é muito bom.
 Ora agora temos a Europa cheia de problemas económicos (PIIGS), políticos e militares não directamente, digo não directamente porque apesar de não pedirmos aos russos que nos guardem as fronteiras, somos como europeus o povo que mais próximo está dos problemas do médio oriente (que cada vez mais se agravam).
"Então mas onde se repete a história?" - perguntam vocês e muito bem - ora em termos de economia os pequenos da Europa começam a ser "vandalizados" pelos grandes, isto porque toda a gente deve dinheiro a toda a gente e o problema é que agora os grandes têm que pagar aquilo que devem aos grandes de outros continentes (lembram-se dos romanos?). Políticos já nem digo nada porque anda tudo a ver quem é o próximo a cair (lembram-se dos imperadores estarem sempre a rodar?) e militares é algo mais complexo mas para manter as coisas simples, os problemas que se vivem no médio oriente começam a aproximar-se da Europa, basta ver a Líbia (sim porque aquilo não ficou pacifico), a Síria e outros tantos. E agora vocês dizem: "então mas ainda somos nós que guardamos as nossas fronteiras" - É verdade sim mas são os asiáticos e os americanos que começam a guardar as nossas contas bancárias, a nossa água, a nossa electricidade e não sei se isso não será tão ou mais perigoso.


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Portugal e as Olimpíadas de Verão


Estive há pouco a verificar a contagem de medalhas no sítio oficial dos Jogos Olímpicos. O raio dos chineses até em marcha agora ganham medalhas, mas enfim, não é nisso que me quero centrar, mas sim no facto de só haver 53 países medalhados.

Depois fui verificar quantos comités estavam representados: 204.
Ou seja, para além de Portugal, há 150 países que ainda não ganharam uma medalha a uma semana do término das Olimpíadas de Verão.

É normal nós não ganharmos, é normal que a uns corra pior do que o esperado e a outros melhor. Ter medalhas não é sinal de sermos um país mais ou menos desenvolvido (a Noruega tem duas medalhas, o Cazaquistão tem seis).

A única critica que eu faço é ao choradinho dos atletas e dos seus apoiantes. Ai porque o país só liga ao futebol, ai porque não nos dão apoio, ai porque só vêem estas modalidades de 4 em 4 anos. Oh pah se é assim tão mau não vão lá!! Naturalizem-se espanhóis e vão por aí. Em todos os países há um desporto de eleição que faz com que os outros sejam preteridos, se eu gosto mais de futebol porque é que ei de dar a mesma importância a todos? A desculpa das condições também não pega, basta ver a Clarisse Cruz e os jovens do Remo. Se forem bons, conseguem!

Agora ir para lá dizer que já fizeram muito por Portugal, ou serem eliminados e virem dar uma entrevista a rir-se logo depois de serem eliminados, nem se aproximarem dos máximos pessoais já alcançados demonstra uma grande falta de profissionalismo e de dignidade.

Concluindo, é normal ninguém ganhar nada, é mau quererem acabar com o Desporto Escolar e reduzir o horário de Educação Física e é bom que retirem as bolsas às vedetas que foram ver se o Big Ben não estava atrasado, afinal de manhã é bom é na caminha e eles têm a mania de começar as provas cedo, os marotos.

Pedro von Hafe Leite

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Ambiente, tudo aquilo que nos envolve.



È totalmente ilógica a perspectiva da maioria da população mundial de que o destino da humanidade é totalmente independente das reacções ás suas acções no planeta, e que, portanto, podem fazer tudo aquilo que querem pois nada de mal lhes irá acontecer.
O planeta teve capacidade de “tamponamento” sobre as acções humanos dos últimos 150 anos, e por isso a humanidade não teve grandes consequências dos seus actos. Contudo, esta capacidade atingiu o seu limite, e consequentemente a preocupação com o meio ambiente deixou de ser apenas um tema de “extremistas ambientais” para ser um problema económico e social, ex: diminuição de recursos alimentares, de água potável, solo arável, ar não poluído (a poluição nas cidades é o principal factor de doenças respiratórias e de pele), petróleo, etc.
Assim, não existe outra maneira de conseguirmos atingir a plenitude de bem-estar social se a sociedade não for suportada por paradigmas de equilíbrio e a sustentabilidade. Paradigmas esses que devem reger o funcionamento interno da sociedade e a sua relação “externa” com o meio ambiente.
Em Portugal, a maioria das vezes, não há leis de crimes ambientais, as que existem são brandas (compensado transgredir), e não são aplicadas. Deste modo, a degradação do meio ambiente em proveito próprio é economicamente compensadora levando à inexorável degradação deste, ex: lei sobre fogo posto – destrói o ambiente, mata pessoas e animais, tem um peso económico imenso, mas mesmo assim a lei é branda e quase nunca aplicada.
Por outro lado, há de falta acção directa no saber cuidar, aproveitar e, consequentemente, no tirar dividendos económicos. Por exemplo, a actual falta de politica de reflorestamento é no mínimo criminosa, pois leva à perda de habitats naturais (e consequentemente de espécies), degradação dos solos, aumento em numero e intensidade das cheias, do sector da silvicultura, turismo e, em última instância de qualidade de vida e receitas.
Isto, porque, também ao nível local, há uma total negligência e usurpação do bem comum, com os PDMs municipais constantemente modificados ou simplesmente violados, por interesses económicos pessoais.
O Ministério do Ambiente deveria deixar de ser apenas um “bibelô” politico para assumir o seu lugar de destaque no governo, pois todas as politicas que tivessem impacto ambiental deveriam ser previamente, estudadas e avaliadas em termos de impacto e sustentabilidade (a longo prazo) antes de aprovadas, e a execução das leis deveria ser efectivamente fiscalizada, sendo seriamente punida a sua infracção.
Só com um verdadeiro sistema de gestão ambiental poderemos assegurar a sustentabilidade do bem-estar comum no imediato e a longo prazo.
O que é que VOCÊ vai FAZER em relação a isso.